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Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas

Brasil gasta mais na pandemia e terá a pior situação fiscal entre os maiores emergentes em 2020

Economia

Segundo levantamento do FMI, deterioração das contas públicas do país só será superada por lugares como Angola, Líbia e Omã; situação ameaça piorar a nota de classificação de risco do Brasil.

O Brasil vai terminar 2020 com a pior situação fiscal entre os maiores países emergentes. Com condições desafiadoras tanto em relação às despesas quanto ao crescimento, o país gastou mais para combater a crise causada pela pandemia de Covid-19, o que levou sua dívida para quase o dobro da média desses mercados. A fatura, segundo especialistas, pode render ao Brasil um desempenho econômico pior do que o de seus pares internacionais neste ano, mas isso se dará à custa de uma forte deterioração das contas públicas, que ameaça piorar a nota de classificação de risco do país.

A situação fiscal ruim do Brasil só é superada por países menores, como Angola, Líbia e Omã, de acordo com levantamento do Fundo Monetário Internacional – FMI. Os emergentes comparáveis à economia brasileira, como México, Turquia e África do Sul, têm situação mais tranquila.

“O Brasil foi pior entre emergentes, aumentou mais o gasto”, afirma o economista para América Latina da consultoria inglesa Oxford Economics, Felipe Camargo. “O país optou por sair mais rápido da crise com impulso fiscal mais forte, gastando mais dinheiro. O Brasil está em risco de perder mais uma nota do rating”, diz.

Gastos em alta – Na América Latina, por exemplo, o economista da Oxford destaca que o Brasil teve o maior aumento de dívida, com alta de 20 pontos este ano, o que vai empurrar o endividamento para perto de 100% do Produto Interno Bruto – PIB. No México, foram 11 pontos a mais, o Peru teve 13 pontos, a Colômbia 14 e o Chile 11. Nos demais emergentes comparáveis ao Brasil, a África do Sul até então havia ficado com o aumento mais elevado, mas após a atualização das projeções, o Brasil passou o país.

Pelo lado positivo, Camargo ressalta que a dívida do Brasil é 90% em moeda nacional, enquanto outros emergentes têm parte importante em moeda estrangeira, mais difícil de ser financiada. Mesmo assim, ele argumenta que o país não tem condição de sustentar uma dívida tão alta.

“O Brasil tem uma realidade completamente diferente de outros países, como Chile e Peru, que tinham uma situação mais saneada, com um colchão fiscal para expandir os gastos. O Brasil não tinha. Se era frágil antes, mais frágil ficou”, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

De acordo com ele, a urgência na aprovação de reformas que direcionem o país para uma relação mais saudável entre receitas e despesas já era uma realidade antes da pandemia. Após o choque, tornou-se mais premente. Isso porque, além da situação frágil de suas contas públicas, o Brasil já crescia bem menos que outros países emergentes. “O Brasil já estava no topo das preocupações e continua aí. Agora, ficou com um nível de endividamento que ainda é bem maior do que qualquer outro país emergente”, enfatiza Ramos.

Na América Latina, por exemplo, o economista da Oxford destaca que o Brasil teve o maior aumento de dívida, com alta de 20 pontos este ano, o que vai empurrar o endividamento para perto de 100% do Produto Interno Bruto (PIB). No México, foram 11 pontos a mais, o Peru teve 13 pontos, a Colômbia 14 e o Chile 11. Nos demais emergentes comparáveis ao Brasil, a África do Sul até então havia ficado com o aumento mais elevado, mas após a atualização das projeções, o Brasil passou o país.

Pelo lado positivo, Camargo ressalta que a dívida do Brasil é 90% em moeda nacional, enquanto outros emergentes têm parte importante em moeda estrangeira, mais difícil de ser financiada. Mesmo assim, ele argumenta que o País não tem condição de sustentar uma dívida tão alta.

“O Brasil tem uma realidade completamente diferente de outros países, como Chile e Peru, que tinham uma situação mais saneada, com um colchão fiscal para expandir os gastos. O Brasil não tinha. Se era frágil antes, mais frágil ficou”, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

De acordo com ele, a urgência na aprovação de reformas que direcionem o País para uma relação mais saudável entre receitas e despesas já era uma realidade antes da pandemia. Após o choque, tornou-se mais premente. Isso porque, além da situação frágil de suas contas públicas, o Brasil já crescia bem menos que outros países emergentes. “O Brasil já estava no topo das preocupações e continua aí. Agora, ficou com um nível de endividamento que ainda é bem maior do que qualquer outro país emergente”, enfatiza Ramos.

Fonte: Estadão
CNTS

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