Brasil é um dos poucos países que diminuíram diferenças sociais, diz relatório

Enquanto a desigualdade entre ricos e pobres tem sido ampliada na maior parte do planeta, no Brasil tem ocorrido o oposto, apesar de o país continuar entre os mais desiguais do mundo. É o que aponta o relatório Equilibre o Jogo: É Hora de Acabar com a Desigualdade Extrema, divulgado ontem (29) pela Oxfam – organização não governamental que desenvolve campanhas e programas de combate à pobreza em todo o mundo.

“O Brasil tem apresentado um padrão diferenciado, e está entre os poucos países que estão tendo sucesso em diminuir a diferença entre os mais ricos e os mais pobres”, disse o diretor da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst. Ele acrescentou que entre os Brics [bloco que agrega também Rússia, Índia, China e África do Sul], “o Brasil é o único que está conseguindo reduzir a desigualdade. E, dentro do G20, é o que está tendo maior sucesso nessa empreitada, ao lado do México e da Coreia do Sul, que, apesar dos avanços, figuram em um patamar inferior ao do Brasil [no que se refere a diminuição das desigualdades]”.

Um ponto favorável, que tem melhorado a situação do país, é a ampliação e melhoria do acesso a serviços básicos públicos, em especial à saúde e à educação. “Investir em serviços públicos gratuitos é algo essencial para diminuir a distância entre ricos e pobres. Nesse sentido, vale ressaltar que privatizar saúde e educação implica em dificuldades para a ascensão social das pessoas”, argumentou.

Apesar de ter melhorado, nos últimos anos, a distribuição de riquezas, o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo. “Há ainda muito por fazer”, ressalta Ticehurst, lembrando que “se antes o desafio era universalizar, agora o desafio é dar qualidade a esses serviços”.

“Houve avanços no combate à pobreza e desigualdade, mas para continuar melhorando é necessário aprimorar as políticas sociais e os serviços básicos, principalmente em termos de qualidade. Além disso, é preciso rever a questão tributária e fiscal, de forma a mudar do atual sistema regressivo para um progressivo, no qual quem tem mais contribui mais e quem tem menos contribui menos”.

Na avaliação dele, a reforma política precisa entrar na agenda do país, na busca por uma representatividade mais próxima aos interesses dos brasileiros. “É também necessário tocar as causas estruturais dessa desigualdade histórica, que afeta o país desde a época da colonização, feita por exploração e com extrema concentração de terras”.

Segundo ele, ao longo da história o Brasil valorizou demasiadamente “uma elite masculina e o patriarcado”, e a escravidão resultou em grandes diferenças econômicas e sociais, a partir da cor. Disse ainda que “tudo precisa vir acompanhado de uma base mais sólida para o crescimento sustentável”.

Desigualdade de gênero piorou

Alguns indicadores melhoraram, já outros despencaram. É o caso da desigualdade de gênero. O Brasil passou a ocupar o 71º lugar no ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, que analisa a desigualdade de gênero em 142 países. Houve piora em relação à pesquisa anterior, divulgada no ano passado, na qual o Brasil ocupava a 62ª posição na lista.

O estudo, denominado Global Gender Report 2014, avalia as diferenças entre homens e mulheres em aspectos como saúde, educação, economia e participação política. A Islândia ocupa o primeiro lugar na lista, ou seja lá as desigualdades entre homens e mulheres são as menores. Em seguida aparecem países como Finlândia, Noruega e Suécia. Nos últimos lugares estão Paquistão, Chade e Iêmen.

Segundo o relatório, o Brasil fechou menos de 70% da lacuna entre gêneros, ficando em situação similar à do ano passado. O documento cita o fato de o país ter uma presidenta mulher, mas destaca que ainda há ligeira desigualdade salarial para trabalhos similares e estimativa de renda.

Em 2006, quando o levantamento começou, o Brasil era o 67º entre 115 países. Nos anos seguintes, o número de países pesquisados aumentou para 142 e o Brasil caiu no ranking, até chegar à 85ª posição, em 2010. A partir de então, o país teve três anos consecutivos de significativas melhoras na redução das desigualdades de gênero, mas o ritmo de recuperação não se sustentou na comparação dos dois últimos anos.

A entidade inclui o Brasil em uma lista de oito países (ao lado de Bahamas, Belize, França, Guiana, Letônia, Namíbia e Filipinas) que encerraram a diferença entre gêneros nos quesitos educação e saúde, mas não diminuíram as desigualdades relativas à participação econômica nem à capacitação política. (Fonte: Agência Brasil)

CNTS

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