Foto: Marcos Corrêa/PR

Bolsonaro é ameaça para Brasil e mundo, diz The Guardian

Brasil

Em editorial, jornal britânico diz que 'presidente de extrema direita deu rédea solta à Covid-19 e à destruição da Amazônia'. Segundo o jornal, o gerenciamento da pandemia por Jair Bolsonaro coloca o Brasil na liderança mundial de novas mortes diárias e foi marcado por uma postura negacionista sobre a gravidade da doença e a importância do uso de máscaras e das vacinas.

As ações do governo do presidente Jair Bolsonaro estão repercutindo fora do Brasil. O jornal britânico The Guardian publicou, na segunda-feira, 5, um editorial analisando o presidente da República. Com o título “A visão do The Guardian sobre Jair Bolsonaro: um perigo para o Brasil e para o mundo”, o artigo pontua ações do governo brasileiro durante a pandemia da Covid-19, o desmatamento da Floresta Amazônica e as eleições de 2022.

O jornal abre o editorial afirmando que as perspectivas da vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018 eram assustadoras, em razão do histórico machista, de destratar gays e minorias, e por elogiar o autoritarismo e a tortura. “O pesadelo se revelou ainda pior na realidade”, escreve o The Guardian.

“Ele não só usou uma lei de segurança nacional da época da ditadura para perseguir os críticos e supervisionou o aumento do desmatamento na Amazônia em 12 anos, mas também permitiu que o coronavírus se alastrasse sem controle, atacando as restrições de distanciamento, máscaras e vacinas”, pontua.

O periódico britânico também afirma que a saída do presidente do poder seria de qualquer maneira bem-vinda, para os interesses do Brasil e do resto do planeta. “Um homem normalmente não pode causar tanto dano. Infelizmente, este homem é o presidente”, aponta o jornal The Guardian.

Os editorais do The Guardian e também do Financial Times criticam o gerenciamento da pandemia de Covid-19 por Bolsonaro, que coloca hoje o Brasil na liderança mundial de novas mortes diárias e foi marcado por uma postura negacionista sobre a gravidade da doença e a importância do uso de máscaras e das vacinas, além do enfrentamento contra governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição à circulação de pessoas para reduzir a transmissão do vírus. Segundo o Guardian, Bolsonaro é “um perigo para o Brasil e para o mundo”.

Estabilidade democrática – O Financial Times, veículo especializado em jornalismo econômico e respeitado por empresários e tomadores de decisão, afirma que a chance de Bolsonaro tentar algum tipo de golpe para afrontar a democracia e permanecer no poder a despeito do resultado eleitoral aumenta à medida que seu apoio popular e a chance de reeleição diminui.

Para o The Guardian, que tem linha editorial de centro-esquerda, mais do que “possível”, é “provável” que Bolsonaro tentará se manter no poder por meio do uso da força caso perca em 2022, e menciona os seguidos elogios do presidente à ditadura militar e a torturadores e seu uso recente da Lei de Segurança Nacional para tentar silenciar críticos.

A crise entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas, a maior em décadas, foi definida pelo Financial Times como um motivo para comemoração. Segundo o diário, o episódio teria mostrado que os chefes militares escolheram “demonstrar sua lealdade à Constituição democrática” em vez de se manterem alinhados a um presidente “errático e imprevisível, que abertamente desdenha do Congresso e do Judiciário”.

Em 19 de março, Bolsonaro chegou a dizer que o “seu” Exército não iria contribuir para aplicar as medidas de restrição à circulação determinadas por alguns governadores do país, o que não foi bem recebido pelos militares. “O meu Exército não vai para a rua para cumprir decreto de governadores”, afirmou o presidente.

“Em uma atmosfera febril como essa, o comprometimento firme dos comandantes militares, do Congresso e do Judiciário para sustentar a quarta maior democracia do mundo é um sinal vital e positivo”, escreveu o Financial Times. Mas o jornal lembra que os militares receberam “centenas de cargos no governo – incluindo a vice-presidência e quase metade do ministério – além de aumentos generosos dos gastos militares”.

Fonte: Deutsche Welle Brasil e Correio Braziliense
CNTS

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