Auxílio emergencial é a única renda de 36% dos que receberam o benefício, diz Datafolha
Brasil
Em agosto, 44% das pessoas que recebiam o benefício não tinham outra renda. Após a redução do valor para R$ 300, 75% das famílias diminuíram compra de alimentos e 65% reduziram compra de remédios.
O auxílio emergencial é única fonte de renda para 36% das famílias que receberam pelo menos uma parcela do benefício neste ano, segundo pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro. A dependência dessa política, no entanto, caiu nos últimos meses, período em que o valor pago pelo governo foi reduzido pela metade. No levantamento feito em agosto, 44% apontavam o auxílio como única fonte de renda. Com a redução do benefício, cujo valor de referência caiu de R$ 600 para R$ 300 por mês, e a retomada parcial da atividade econômica, muitas pessoas saíram em busca de outras fontes de renda.
Segundo a pesquisa, 39% dos entrevistados pediram o auxílio emergencial e 81% desses pedidos foram atendidos. Dados do governo mostram que o voucher alcançou quase 70 milhões de brasileiros. O Datafolha também perguntou como a redução do benefício afetou o entrevistado. O principal efeito foi a adoção de ações para cortar gastos.
De acordo com pesquisa, 75% dos beneficiários reduziram a compra de alimentos, 55% cortaram despesas com remédios, 57% diminuíram o consumo de água, luz e gás e 51% deixaram de pagar as contas da casa.
Segundo a pesquisa, 39% dos entrevistados pediram o auxílio emergencial e 81% desses pedidos foram atendidos. Dados do governo mostram que o voucher alcançou quase 70 milhões de brasileiros.
O Datafolha também perguntou como a redução do benefício afetou o entrevistado. O principal efeito foi a adoção de ações para cortar gastos. De acordo com pesquisa, 75% dos beneficiários reduziram a compra de alimentos, 55% cortaram despesas com remédios, 57% diminuíram o consumo de água, luz e gás e 51% deixaram de pagar as contas da casa.
Mais da metade dos beneficiários também reduziu os gastos com transporte – 65% e/ou buscou uma outra fonte de renda – 52%. Disseram ter parado de pagar escola ou faculdade 27%.
Ainda de acordo com a pesquisa, o percentual de pessoas que perderam renda por causa da pandemia era de 46% em agosto, número que caiu para 42% dos entrevistados em dezembro.
Entre os que receberam o benefício emergencial, a parcela daqueles que sofreram uma redução de renda caiu de 60% em agosto para 51% em dezembro, ou seja, são pessoas que, mesmo com o auxílio, não evitaram um impacto negativo sobre sua renda. O Datafolha ouviu, por telefone, 2.016 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Embora ainda atinja mais da metade dos beneficiários, a redução do percentual dos que declaram perda de renda reflete a retomada das atividades econômicas nos últimos meses, sobretudo no setor de comércio e indústria.
Fim do benefício – O auxílio emergencial está previsto para acabar a partir de janeiro. O presidente Jair Bolsonaro afirma que não haverá prorrogação do benefício e nem a criação de um novo programa.
O governo federal vai gastar neste ano R$ 580 bilhões com políticas públicas para combater os efeitos econômicos da pandemia, sendo que 55% do valor – R$ 322 bilhões irá para o auxílio emergencial.
Para efeitos de comparação, o Orçamento de 2020 previa no início do ano um gasto de R$ 92,4 bilhões com políticas de desenvolvimento social, concentradas principalmente no Bolsa Família e no BPC – Benefício de Prestação Continuada, no valor de um salário mínimo, para pessoas com deficiência e idosos.
O valor foi mais que suficiente para compensar a queda na renda do trabalho neste ano, fazendo com que a massa total de rendimentos dos brasileiros crescesse neste ano. Essa injeção de recursos também contribuiu para reduzir a pobreza no país.
De acordo com estudo do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Vinícius Botelho, a redução do auxílio emergencial pela metade já colocou a renda de cerca de 7 milhões de pessoas abaixo do nível de pobreza de até R$ 5,50 por dia em outubro deste ano, em relação ao verificado em setembro. Segundo ele, esse número deve subir para quase 17 milhões após a extinção do benefício, no início de 2021.
Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional – FMI, afirmou que o fim prematuro do auxílio emergencial pode significar obstáculos à recuperação econômica e aumento da desigualdade, além de fazer com que o Brasil alcance a marca de 24 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o “plano A” do governo considera que a atividade econômica está em processo de retomada e que o auxílio emergencial será encerrado em 31 de dezembro. Ele afirmou que, se isso não se confirmar, o governo terá que ter uma ação tão fulminante e decisiva como teve no início da pandemia.