AI-5 nunca mais, CNTS repudia declarações de Eduardo Bolsonaro
Nota de Repúdio
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS vem a público manifestar seu mais veemente repúdio ao desprezo pela democracia e seus princípios fundamentais que se manifesta em declarações da família Bolsonaro. Desta vez, Eduardo, deputado federal eleito por São Paulo, afirmou que a reedição do Ato Institucional nº 5 seria um dispositivo do qual lançaria mão a fim de conter a “radicalização da esquerda no Brasil”.
Em 1968, o AI-5 institucionalizou a repressão e agravou severamente atos de censura, perseguição a oponentes políticos, intervenção nos sindicatos, prisões, torturas e execuções, além de ter determinado o fechamento do Congresso Nacional e Assembleias Estaduais. Foi o decreto responsável por minar as liberdades democráticas, resultando em 20 mil vítimas de tortura, mais de 400 mortes e desaparecimentos, sete mil pessoas exiladas e 800 prisões por razões políticas. São fatos do passado, que devem ser lembrados apenas para que não se repitam.
Em países que enfrentaram seus fantasmas, exaltar ditaduras é crime e pode dar cadeia. Por aqui, escolheu-se contemporizar com personagens que cultuam o autoritarismo. Um deles assumiu mandato no Parlamento via democrática que insiste em desprezar.
Não devemos tratar as declarações de Eduardo Bolsonaro como “opiniões polêmicas”, ou excentricidades. A naturalização dos atentados contra a nossa democracia leva a um cenário perigoso para o país.
Infelizmente, declarações desta natureza por parte do clã Bolsonaro ecoa há muito tempo. Além disso, a recente afirmação dá sequência ao histórico de desapreço à democracia e elogios a períodos autoritários da história brasileira pelo Presidente da República.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde considera inadmissível que transcorridos 34 anos do fim da ditadura militar e 31 anos da promulgação da Constituição Cidadã, Eduardo Bolsonaro queira dividir ainda mais uma nação já fraturada. Não podemos permitir que os ódios do passado envenenem o presente, destruindo o futuro. Diferentemente do que diz Eduardo e sua família, um país forte pressupõe um Estado democrático, instituições sólidas e indivíduos livres. Ditadura nunca mais! Tortura nunca mais!