A logística do ministro Pazuello: a vacinação vai começar no Dia D, na Hora H
Saúde
Durante visita ao Amazonas, que enfrenta novo colapso no sistema hospitalar e funerário em decorrência da Covid-19, o general especialista em logística recusou mais uma vez a falar seriamente sobre datas e critérios de um suposto plano federal de imunização contra a Covid-19.
Enquanto o Brasil volta a registrar aumento de mortes pela Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o general especialista em logística, reforçou o anedotário bolsonarista garantindo que a vacinação teria início na hora H do dia D. Coloca, assim, mais um item no dicionário da novilíngua brasileira que sob o atual governo havia crescido e englobado termos como “PIB privado”, “cloroquina”, “talkei”, “Posto Ipiranga” e “gripezinha”. A fala do ministro da Saúde só reforça que o governo não sabe quando terá vacinas, seringas e agulhas disponíveis.
O Brasil ficou no final da fila da vacina contra a Covid-19 porque o governo brasileiro optou pela inércia e não adquiriu os imunizantes meses atrás. Muito menos se preparou e comprou seringas e agulhas com antecedência. Outra falta evidente de desorganização é que o governo não começou o cadastramento da população para agilizar o início da imunização. Tendo em vista o tamanho da população brasileira, esse cadastramento já deveria ter começado para evitar que no momento da vacinação haja dificuldade para a realização desse cadastro e aglomerações no momento da vacinação.
Não adianta o ministro usar palavras de efeito para dizer que dará a vacina na hora certa, no tempo certo. Este tempo certo já passou tanto que o mundo inteiro já está se vacinando. Mais de 50 países já iniciaram a vacinação contra a Covid-19. Enquanto Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, México, Chile, Argentina, Costa Rica e uma fila enorme de países vão vacinando suas populações, o Brasil está empacado tanto no “dia D”, que já foi em março, depois fevereiro, depois dezembro e agora pode ser janeiro, ou fevereiro, quanto na “hora H”, que pode ser qualquer uma, desde que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde vacinem o primeiro brasileiro antes do governador de São Paulo, João Doria. Como bem afirma a colunista do Estadão e da Globo News, Eliane Cantanhêde, “para Bolsonaro, que manda, e Pazuello, que obedece, o importante não é vacinar, é vacinar primeiro; não é ter doses para todos, basta uma única dose para a foto”.
À espera de um planejamento do governo federal, nas últimas 24 horas foram registradas 477 mortes por Covid-19, chegando ao total de 203.617, de acordo com os números atualizados pelo consórcio de imprensa. Foram 29.010 novos casos confirmados. No Brasil, 8.133.833 pessoas já se infectaram com a doença.
Enquanto o país aguarda a Agencia de Vigilância Sanitária – Anvisa liberar o uso da vacina da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz e do Butantan, o aumento de casos de Covid-19 no país é assustador e tem preocupado especialistas que afirmam que há risco de o sistema de saúde entrar em colapso, como já ocorre em Manaus.
Sem vacinas, sem seringas, sem datas, sem planejamento. Logística de Pazuello fracassa e a população engole passivamente tudo o que o governo fala e faz.