O machismo brasileiro vai à Rússia
Violência contra a mulher
O machismo e a violência contra a mulher ganharam novo capítulo na Copa do Mundo da Rússia. Torcedores brasileiros mostraram ao mundo o porquê de o machismo ser o preconceito mais praticado no país, ao assediarem e humilharem mulheres em solo russo. Lamentavelmente, esse não é um caso isolado. Esse é um retrato do quanto a cultura machista ainda predomina na sociedade. Não por acaso, a cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é vítima de estupro e a cada 1,5 segundo uma mulher é vítima de assédio na rua.
A reação de repúdio veio imediatamente. Homens, mulheres, jovens, idosos, quase todos criticaram a atitude desrespeitosa dos torcedores. Mas, como a repulsa ficou no “quase todos”, vale bater na tecla da necessidade e urgência da não normalização de ações que desrespeitam e diminuem a mulher. Seja numa Copa do Mundo, numa festa, na rua quando ela veste roupa curta, no ambiente de trabalho, na política ou dentro de casa. Não há mais lugar para o machismo.
Sejam ou não punidos esses torcedores, vale lembrar que anos atrás esses vídeos nem ganhariam tanta repercussão. E essa mudança, por si, já é importante. Para além da resposta jurídica, o importante foi a resposta social.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde manifesta total repúdio às atitudes machistas e desrespeitosas de brasileiros na Copa do mundo, como também repudia qualquer manifestação que vise minimizar a gravidade dos fatos. Naturalizar uma situação desta como brincadeira ou piada é naturalizarmos a violência contra as mulheres. Naturalizar é sinônimo de eternizar, e vai na contramão do atual contexto de luta contra a desigualdade de gênero.
Cinco séculos e muitos feminicídios depois, está na hora de os machistas entenderem o quanto estão atrasados e como qualquer comportamento que demonstre o tamanho desse retrocesso deve ser repudiado.