Mortes por coronavírus no Brasil passam de 58 mil e reabertura começa a ser questionada
Brasil
No dia em que o número oficial de infectados chega a 1.368.195, pesquisa aponta que maioria da população desaprova reabertura. Vários estados afrouxaram o isolamento, o Rio de Janeiro, por exemplo, já marcou data para retornar com público em estádios de futebol. O DF estuda reabertura total em agosto.
Balanço consolidado no fim da tarde de ontem, 29, pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde – Conass informa que foram registrados 24.052 novos casos de infecção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas. Com isso, o país soma 1.368.195 infectados desde o início da pandemia, em março. A entidade registrou também 692 novos óbitos, levando o Brasil a 58.314 mortes pela Covid-19.
A taxa de mortalidade no país é de 4,3% e, somente na semana entre os dias 14 a 20 de junho (semana epidemiológica 25), 7.256 brasileiros morreram por causa da doença. Esse é o resultado mais grave registrado no país desde o início da pandemia e os registros de óbitos no Brasil representam mais de 10% do índice global.
A realidade, no entanto, pode ser ainda bem mais grave: entidades nacionais e internacionais alertam que a subnotificação no país pode significar que o número de óbitos seja cerca de três vezes maior do que os dados mostram.
São Paulo é o estado com maior número absoluto de infectados e mortes. Na região, mais de 275 mil pessoas contraíram a Covid e os casos fatais ultrapassam a marca de 14 mil. Rio de Janeiro, com 111.883 casos e quase 10 mil mortes, aparece em segundo lugar. Na sequência está o Ceará, com de 108 mil infectados e cerca de 6 mil mortes.
O Brasil segue como epicentro da pandemia do novo coronavírus, de acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS. O país é o segundo mais afetado pelo vírus, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 2,6 milhões de infectados e já passam de 127 mil mortos.
Fim do isolamento – O Brasil foi um dos países que adotaram menos medidas protetivas com os cidadãos. O governo Bolsonaro ignorou a pandemia, e segue desprezando o risco representado pelo coronavírus e as mortes de cidadãos, tendo promovido aglomerações em diversas situações.
A curva epidemiológica do Brasil nunca registrou queda desde o início a chegada do coronavírus ao território nacional. Por um momento, a pandemia deixou de avançar com velocidade registrada anteriormente. A OMS chegou a reconhecer a redução no ritmo, mas recomendou cautela e a manutenção do isolamento. Entretanto, não foi ouvida.
Os estados que baixaram medidas – brandas – de isolamento social agora decretam seu afrouxamento. Epidemiologistas acreditam, porém, que o fim do isolamento social nesse momento é precoce e deve fazer com que os números de casos e mortes aumentem nas próximas semanas.
Em estados como São Paulo, o comércio e as ruas estão em franca atividade, e os shoppings estão abertos. Após o início do processo de reabertura decretado pelo governo João Doria (PSDB), dia 11, o Estado passou a registrar recorde no número de casos e mortos.
Em Manaus, ruas lotadas e pessoas sem máscaras demonstram que a população local vive uma sensação de segurança que pode ser um engano. Outro exemplo: o Rio de Janeiro já marcou data para retornar com público em estádios de futebol.
No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (PSDB) está decidido a reabrir todas as atividades nos próximos 35 dias. De escolas públicas e privadas a academias e salões de beleza, no que depender de Ibaneis, tudo estará em pleno funcionamento. “Vai ser tratado como gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início”, declarou.
Pesquisa – De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na segunda-feira, 29, a maioria dos brasileiros é contra a reabertura precoce do comércio e vê piora na pandemia nos próximos dias. Para 65% dos entrevistados, o cenário está se agravando no país. Para 28%, está melhorando, enquanto 3% não sabem e 4% dizem estar na mesma. Mais de 70% das mulheres e dos jovens acreditam na piora da crise sanitária.
Outra questão levantada foi a ação dos governos. Para 54%, o país não fez o necessário para evitar o contágio e reduzir o número de mortos. Outros 19% acreditam que nada poderia ser feito, 5% não sabe e 23% creem que o possível foi feito. Dos que acreditam que o trabalho foi bem feito, ampla parcela declarou voto em Jair Bolsonaro.