FST repudia atos antidemocráticos e exige que o governo combata à inflação, o desemprego e à fome
Brasil
O Fórum Sindical dos Trabalhadores – FST, do qual a CNTS faz parte, divulgou na quinta-feira, 9, uma nota de repúdio que critica os ataques do presidente Jair Bolsonaro à democracia e às instituições. Além disso, o Fórum afirma que a preocupação do governo Bolsonaro deveria ser em encontrar soluções para resolver os problemas que atingem 19 milhões de brasileiros que passam fome e de 14 milhões de pessoas que estão desempregadas. Ou ainda resolver o problema da inflação, que faz com que famílias não consigam colocar o mínimo no prato ou que precisem usar álcool para cozinhar. Veja abaixo a nota na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO DO FST
O Fórum Sindical Dos Trabalhadores – FST, entidade que congrega dezenas de confederações de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, representando, assim, milhões de pessoas, reunidas, na quarta-feira, dia 08 de setembro de 2021, decidiram por unanimidade, vir a público, lamentar e repudiar os acontecimentos antidemocráticos, contrários a Lei, a ordem e especialmente à Constituição Federal, que estão acontecendo pelo país desde o último dia 06.
Não é novidade que as organizações sindicais estão de forma rotineira sofrendo, com maior ou menor intensidade, impedimentos para o exercício do seu direito de organização e de negociação coletiva. Trata-se de uma prática antissindical e que deve ser coibida com veemência. É uma ameaça à democracia.
As entidades sindicais são uma das poucas linhas de defesa que a Sociedade Civil possui para se contrapor a voracidade atroz do capital e possuem um papel social fundamental, já que são os únicos atores sociais capazes de lutar pelos atuais direitos dos trabalhadores, bem como, por melhorias salariais, condições dignas de trabalho, em busca de novos direitos, contra atos antissindicais e antidemocráticos. Se ausentes, a exploração não encontrará mais barreiras especialmente em razão de ser o capital, muito mais poderoso e organizado que as forças difusas que atuam do lado do trabalhador.
E é por isso que neste momento de grave crise política, social e econômica devem vir a público se manifestar contra os atos dos últimos dias.
Ao contrário do que vem ocorrendo em todo o mundo, onde os governantes estão a todo custo tomando medidas de proteção e manutenção do emprego, às empresas, à saúde, ao seu povo e ao próprio país, o Governo Federal brasileiro, ao que parece alheio a tudo que está acontecendo parece querer colocar “fogo no parquinho” criando uma cortina de fumaça para tentar impedir a população de ver com clareza a grave crise e a incompetência em solucioná-la pela qual o Brasil passa.
No lugar de ficar criando factoides sem razoabilidade deveria o Governo Brasileiro estar preocupado com Temas que o presidente Bolsonaro deveria ter abordado no discurso de 7 de setembro, mas preferiu continuar atacando à democracia e as instituições, vejamos:
- A Fome: Pesquisa revela que 19 milhões de brasileiros passam fome e mais da metade dos domicílios no país enfrentam algum grau de insegurança alimentar.
- A Inflação: Segundo o Dieese, o preço da cesta básica subiu 22% em um ano. O brasileiro não está conseguindo comprar o básico, ossos de boi viraram cardápio de um Brasil empobrecido.
- O Desemprego: 14,76 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil, segundo o IBGE.
- O Preço da gasolina e do gás de cozinha: o preço do gás de cozinha aumentou três vezes mais do que a inflação. É comum notícias sobre pessoas que se acidentaram ao usar álcool para cozinhar por falta de gás.
- A Falta de vacina: Apenas 32% da população está completamente vacinada. A variante delta está causando estragos tremendos que se faz necessário uma terceira dose. E caso a doença não seja controlada até o final do ano, o orçamento para compra de vacinas em 2022 foi reduzido em 85%.
- A Crise energética: o preço do desmatamento recorde na Amazônia durante o governo Bolsonaro está sendo visto na crise energética do país, que faz com que a população pague conta de luz mais altas e faça com que o país corra o risco de passar por um novo apagão.
O povo brasileiro e as instituições democráticas não podem se eximir de cobrar o respeito à Constituição Federal e à Leis do país pelo nosso mais alto mandatário, não podemos deixar que ele e seu governo de banqueiros se aproveitem deste momento de crise para tentar criar regras imorais, ilegais e inconstitucionais.
Ao que parece é que, mais uma vez, o cidadão brasileiro que ocupa a cadeira presidencial se esquece que as entidades sindicais foram, são e sempre serão a última trincheira de defesa dos trabalhadores e jamais permitiram que o nosso povo seja mais uma vez escravizado.
Brasília/DF, 09 de setembro de 2021.
Atenciosamente,
Oswaldo Augusto de Barros
Coordenador-nacional
FÓRUM SINDICAL DOS TRABALHADORES – FST