Brasil perde cinco posições no ranking de desenvolvimento humano da ONU
Brasil
Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento mostram que o país recuou da 79ª posição em 2018 para a 84ª em 2019 e aponta marcante desigualdade de gênero e de renda.
Apesar de ter aumentado levemente o seu Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, passando de 0,761 para 0,765, o Brasil perdeu cinco posições no ranking global feito anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD/ONU. Os números divulgados nesta terça-feira, 15, são referentes a 2019 e ainda não refletem a crise provocada pela pandemia de covid-19. O índice mede o progresso de 189 países em três indicadores: renda, educação e saúde. Atualmente, o Brasil ocupa a 84ª posição.
Em comparação com 2014, ano de referência usado pela ONU, o País caiu duas posições, mas viu o índice passar de 0,756 para 0,765. O Brasil mantém-se na categoria “Alto Desenvolvimento Humano”.
A expectativa de vida teve um leve aumento, passando de 75,7 no ano anterior para 75,9 neste ano. A expectativa média é de 79,6 anos para as mulheres e 72,2 anos para os homens.
Na área de educação, o ranking considera que os brasileiros devem ficar 15,4 anos na escola. A realidade, no entanto, é outra. Na média, o tempo de estudo no País é de 8 anos – 0,2 a mais que no ano anterior. As mulheres passam mais tempo na escola, 8,2 anos. O tempo médio para os homens é de 7,7 anos.
O rendimento nacional bruto per capita, que mede o grau de desenvolvimento econômico de um país, foi de US$ 14.263 em 2019, uma melhora em relação ao número de 2018, de US$ 14.068.
Desigualdade de gênero – No Índice de Desigualdade de Gênero – IDG, que compara dados de direitos reprodutivos, empoderamento e mercado de trabalho dos homens e das mulheres, o Brasil perdeu seis posições e passou a ocupar o 95ª lugar entre os 189 países do ranking.
Mercado de trabalho: Cerca de 54,2% das mulheres acima de 15 anos estão inseridas no mercado de trabalho. Entre os homens, esse número sobe para 74,1%.
Educação: 61,6% das mulheres acima de 25 anos têm algum grau de educação secundária. O índice é menor entre os homens: 58,3%.
Participação política: As mulheres ocupam apenas 15% das cadeiras do Parlamento.
Meio Ambiente – O relatório deste ano inclui um novo indicador, o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado às Pressões Planetárias – PHDI, que é um número ajustado do IDH de acordo com o nível de emissões de dióxido de carbono e de pegada de material per capita – volume de recursos naturais usados pela população. De acordo com a ONU, o índice deve servir como incentivo para a transformação. O PHDI do Brasil é de 0.710, ocupando a 74ª posição no ranking mundial.
Segundo o documento, a Amazônia corre o risco de se transformar de floresta tropical em uma savana com o aumento da devastação causada principalmente por incêndios e mudanças de uso das terras. “Em 2018 e 2019, a Bolívia e o Brasil vivenciaram grandes perdas florestais – a Bolívia devido a incêndios e à agricultura em larga escala e o Brasil principalmente pela exploração madeireira e desmatamento para outro uso das terras”.
Um dos trechos do relatório destaca a importância da conscientização da sociedade para a preservação do meio ambiente. Mesmo com 78% das pessoas em todo o mundo concordando que sustentabilidade é importante, as ações concretas para proteger recursos naturais ainda são escassas.
Para a ONU, existem “incentivos que trabalham de forma subconsciente contra os valores das pessoas”, como empresas que criam a percepção de novas necessidades sociais com investimentos de bilhões de dólares em marketing para supostos novos produtos “essenciais”. No Brasil, o valor investido em marketing por apenas duas empresas – não citadas nominalmente no documento -, de US$ 1.48 bilhão, é quase oito vezes maior que o orçamento integral do Ministério do Meio Ambiente – US$0.19 bilhão.
América do Sul – O Brasil ocupa o 6º lugar no ranking do IDH dos países da América do Sul. O Chile está na primeira posição, com IDH de 0.851. Em relação aos demais países do mundo, o Chile manteve o 43º lugar. A Argentina também manteve sua posição – 46º.