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Foto: OMS Brasil

Saída de cubanos deixou mais de 3 milhões de brasileiros sem médicos

Saúde

Em três meses, mais de mil profissionais brasileiros que entraram no Mais Médicos após a saída dos cubanos desistiram do programa. Segundo o Ministério da Saúde, o maior volume de saídas é registrado em cidades com 20% ou mais da população em extrema pobreza.

A saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos fez com que mais de 3 milhões de pessoas deixassem de ter atendimento entre novembro do ano passado e maio deste ano. Os médicos cubanos deixaram o Brasil em novembro de 2018, após decisão do governo da ilha caribenha de romper o contrato por conta de críticas do presidente Jair Bolsonaro ao programa.

De acordo com reportagem do UOL, dentre as dificuldades enfrentadas pelos municípios estão o não preenchimento de vagas dos editais do programa lançado pelo governo federal, já que parte dos profissionais selecionados simplesmente não assumem as vagas em aberto.

Se para uma cidade perto da capital e com boa estrutura já existe dificuldade, para locais mais remotos, a missão de achar médicos é ainda mais complicada. No Amazonas, por exemplo, as prefeituras pagam valores mais altos para conseguir profissionais. “Estamos com muita dificuldade na contratação e fixação de médicos. Pagamos até R$ 20 mil líquidos para clínico para não deixar a população totalmente desassistida”, diz o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado – Cosems, Januário Carneiro Neto.

Outro problema citado é o baixo repasse federal aos municípios, que não cobrem nem 30% dos gastos com as equipes. “Uma equipe de saúde da família, no meu município, custa R$ 34,5 mil, sendo R$ 26 mil só do médico. O Ministério custeia R$ 10.695, e o Estado não arca com nada. Se formos nesse caminho, iremos à falência”, diz.

1.052 profissionais desistiram de permanecer no programa – Cerca de 15% dos médicos brasileiros que entraram no Mais Médicos após a saída dos cubanos desistiram de participar do programa nos primeiros três meses. De acordo com levantamento do jornal Folha de São Paulo, ao menos 1.052 profissionais que assumiram entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano já deixaram as vagas. No total, 7.120 brasileiros ingressaram no programa nas duas primeiras rodadas de seleção após o fim da participação de Cuba no Mais Médicos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o maior volume de saídas do programa é registrado em cidades com 20% ou mais da população em extrema pobreza. São 324 desistências, ou 31% do total. Em seguida estão capitais e regiões metropolitanas, com 209 desistências, ou 20%.

Segundo o Ministério, o tempo médio de permanência dos dois primeiros grupos de profissionais variou de uma semana a três meses. Os principais motivos relatados aos municípios para a saída foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização e de residência médica.

A pasta ainda afirma que, para atender municípios sem médicos, o Ministério publicou portaria, no início de abril, estendendo para seis meses o prazo de pagamento da verba de custeio repassada às unidades de saúde da família que perderam profissionais do Mais Médicos. “A regra anterior cortava o repasse para o posto se ele ficasse sem médico por mais de dois meses”, afirma.

Sobre recursos, o Ministério da Saúde explica que iniciou, neste mês, o credenciamento de mais 9.987 equipes e serviços de atenção primária em 1.213 municípios. “Para expandir a cobertura da Estratégia Saúde da Família, o investimento será de R$ 233,7 milhões neste ano e de quase R$ 400 milhões a partir de 2020”, afirma a pasta.

Fonte: Com UOL, Folha de São Paulo e Brasil 247
CNTS

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