Estresse ocupacional na saúde pode gerar transtorno mental
José Lião de Almeida*
Um frio assassinato durante a madrugada, uma execução! Por si só um ato hediondo, mas some-se a isso a agravante do crime ter sido cometido contra um paciente acamado, dentro de uma unidade de saúde, em pleno plantão médico, sob o olhar atônito e o pânico dos profissionais da saúde ali presentes para salvar vidas. A cena, que parece ficção de seriado policial, está se tornando cada vez mais comum nos hospitais brasileiros.
Essa situação de insegurança na saúde é confirmada pelos dados apresentados na Pesquisa Perfil da Enfermagem, encomendada pelo Cofen à Fiocruz. A enquete mostra que apenas 30% da categoria da enfermagem (enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem) sentem-se seguros em seus locais de trabalho. Ou melhor dizendo: 70% dos que trabalham em unidades de saúde sentem-se inseguros… e com razão!
As equipes de enfermagem que atuam durante a madrugada tratando de pacientes sabem do que estamos falando. O quadro se agrava nos locais de trabalho carentes da periferia. Como se não bastassem os baixos salários, as jornadas extenuantes em prolongados plantões e tantas outras condições estressantes, soma-se a tudo isso a insegurança diante das ameaças de violência. E as ameaças não vêm apenas de criminosos, mas, principalmente, de situações difíceis do dia a dia, provocadas pela demora no atendimento e outros problemas cada vez mais frequentes no complicado relacionamento entre a equipe de enfermagem e os pacientes.
Uma das principais consequências desse cenário é o aumento do número de casos de afastamento do trabalho por transtornos mentais, pois estudos comprovam que o trabalho sob alta tensão afeta a saúde mental. Diante disso, um bom exemplo de como as entidades sindicais podem apoiar a categoria nesse momento delicado foi dado pelo SinSaudeSP, que criou o Departamento de Saúde do Trabalhador (DST), com médico do trabalho especializado em transtornos mentais pronto para atender os trabalhadores da saúde.
Em caso de adoecimento ou dúvidas sobre a questão, procure o seu Sindicato. Vamos lutar juntos contra o estresse ocupacional e por melhores salários e condições de trabalho!
*Presidente da CNTS e do SinSaudeSP